terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ventilador, o atacante mais fedorento de todos os tempos

Essa é uma das várias boas passagens do livro 'Raul Plassmann, Histórias de um Goleiro', do craque Renato Nogueira.Nos cliques de Raul, também cabem fotos de gente bem menos famosa, anônimos de que só ficaram os apelidos. Como Ventilador, centroavante do Confiança de Sergipe em 1967 ou 1968, cujo codinome já se explica. O jogo era em Aracaju, à tarde, um calor de amolecer senegalês. Com cinco minutos de bola se arrastando, o Raul achou estranho o jeito de a defesa dele jogar. Os zagueiros - Perfumo, um argentino que veio do River Plate, e Morais - estavam quase na lateral esquerda.
"Gritei pro Perfumo cair pela direita, pra marcar o centroavante, esse tal de Ventilador, um negrão muito forte, de quase um metro e noventa:
Perfumo, acá, para a derecha, em cima do nueve!'
Ele: 'no, no, no...'
Como 'no', rapaz? O cara tá jogando sozinho!
'No, no, no...'
Tentei outra saída:
Morais, troca com o Perfumo, pega o nove!
Ele fez um sinal negativo com a mão, lá de longe.
Como não, rapaz?
Bom, escanteio para eles, o Ventilador chegou perto de mim. Meu amigo....Era um fedor, uma asa de virilha, o cara era azedo! Quando ele encostou em mim para atrapalhar a saída do gol, eu quase caí duro! O cara contaminou a pequena área, a grande área, tudo. O Perfumo virou para mim:
'Sentió?'
Eu até compreendi:
Perfumo, tudo bién. El hombre tiene um malo odor, mas usted deve marcá-lo.
'Entonces, vou pedir para salir...'
Saiu Perfumo, entrou Darci Menezes. Que não aguentou e disse que não voltava para o segundo tempo".

Nenhum comentário: